mobilização e articulação

Percurso de formação de jovens trabalha participação e promoção de direitos

Desde as manifestações de junho de 2013, com a ampla exposição na mídia e nas redes sociais, é possível verificar a curiosidade dos jovens sobre as possibilidades de participação e mobilização para mudança de suas realidades. Essa curiosidade alinha-se ao percurso de formação realizado pelos diferentes núcleos de atuação da Fundação que trabalham com o público de adolescentes e jovens. Atividades de comunicação comunitária, de reflexão sobre projetos de vida, elaboração de programação cultural buscam proporcionar o exercício da construção conjunta, da argumentação, do olhar crítico e do compartilhar. A Fundação parte, então, de um exercício de fortalecimento interno, que pode e deve ser transposto para a participação em outros espaços.

O projeto Espaço Jovem, do Núcleo Mundo Jovem, focado no público de 12 a 16 anos, destaca em sua metodologia um processo de vivências para uma reflexão crítica sobre si e sobre o mundo (família, escola, bairro, sociedade, cultura contemporânea). A proposta parte do princípio de que é preciso experimentar para se formar, sempre a partir de uma práxis, ampliando, assim, as possibilidades de expressão de ideias e construção coletiva de saberes.

Um dos movimentos do grupo em 2014 foi a organização de um passeio ao Hopi Hari. Fora da programação de passeios anuais do projeto, os jovens tomaram a iniciativa de arrecadar dinheiro para a compra de ingressos para os integrantes que não tinham como pagar. Ficaram responsáveis por uma barraca na Festa Julina no Galpão de Cultura e Cidadania e colocaram a mão na massa para preparar tortas, bolos e doces para vender.

Esse primeiro movimento contou com a reflexão para elaborar a proposta, a organização para comprar os ingredientes e preparar as receitas e o compromisso para cuidar da barraca, além da solidariedade intrínseca na ideia. Na visita ao parque, o encontro com o contexto local proporcionou, também, um exercício de cidadania. Longas filas, brinquedos fechados, desorganização e episódios de furtos, com um dos adolescentes como vítima, tornaram o passeio tão esperado uma decepção para o grupo. Tomar posição foi a escolha dos jovens. Ao retornarem, discutiram os acontecimentos e escreveram uma carta ao parque como forma de protestar diante da situação de violência vivenciada.

O encontro com o contexto local e a reflexão sobre ele também é presente na formação do projeto Intermídia Cidadã, do Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar. O acompanhamento do plano de metas da cidade e a produção de veículos que pudessem traduzilo para a comunidade foi um dos movimentos de mobilização do grupo durante o ano. Após uma reunião de pauta com a comunidade, produziram, também, uma edição do jornal A Voz do Lapenna sobre habitação, um dos desafios para a comunidade, que teve um aumento nas ocupações irregulares. Para aprofundar essa pauta, os jovens comunicadores participaram de uma reunião na Secretaria de Desenvolvimento Urbano.

O material sobre o plano de metas chegou às escolas como instrumento para pensar o bairro nas ações formativas do Rede Jovem Comunica, projeto do Núcleo de Comunicação Comunitária que contribui para o uso da comunicação como ferramenta de aprendizagem, com olhar voltado para o território. Dois encontros colocaram luz nesse debate. Um deles no Galpão de Cultura e Cidadania, com 300 alunos e 30 professores da rede pública, e outro na Praça Morumbizinho, durante o Festival do Livro e da Literatura de São Miguel, com a presença de quatro escolas e uma organização local. Nos dois momentos, ocorreram exposições e reflexões sobre as potências e as fragilidades do território, com apresentação de pesquisa e cartografias, além da produção de um documento a ser encaminhado para o poder público com o olhar dos jovens para a realidade.

Outra iniciativa para ampliar as referências de participação e mobilização foi a realização do Curso de Introdução à Iniciação Política, parceria entre a Fundação Tide Setubal e a Fundação Konrad Adenaue, que auxilia no desenvolvimento da educação política. Cerca de 120 jovens de São Miguel participaram dos três encontros. A educadora política Maria Isabel Lopes da Cunha Soares e o cientista social Humberto Dantas conversaram com os jovens sobre a democracia e o futuro da política, ética e política, direitos essenciais e cidadania, demandas e direitos, estrutura do Estado brasileiro e conquistas e organização da sociedade. Os encontros destacaram a importância de conhecer e fazer parte da política.

Nesse sentido, existem, ainda, duas ações de mobilização local dos jovens que podem ser destacadas. Uma delas é a realização do Sarau Abraço Cultural. Após uma formação, em parceria com a Revista Viração, sobre o genocídio da juventude negra, o preconceito e questões sobre a cultura afro, os jovens do Intermídia Cidadã resolveram abordar o tema com um sarau, realizado em um terreno ao lado do Galpão de Cultura e Cidadania. Houve manifestação poética e apresentação de uma banda, que reuniu amigos dos criadores do sarau justamente para esse encontro. Um professor de história da região, ativista em questões sobre o preconceito, também participou do debate.

O local que recebeu o sarau ainda é um terreno, mas jovens do Coletivo Caixa Preta e integrantes dos diferentes projetos do Galpão desenham um projeto para transformá-lo em praça. A ideia é ter uma área de lazer a partir do desejo dos moradores. O primeiro esboço foi feito e divulgado para a comunidade pelo jornal A Voz do Lapenna, produzido pelos jovens do Intermídia e distribuído aos moradores.

NÚCLEOS ENVOLVIDOS

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Jovens participam do Curso de Iniciação Política


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“O Curso de Iniciação Política foi fundamental para abrir meu pensamento sobre política. Conversamos de uma maneira simples e foi possível compreender melhor sobre a democracia do nosso país. As pessoas não gostam de falar sobre política, alguns acham um assunto chato e não possuem o devido conhecimento para um debate sobre isso.”

juliana ortega, centro social irmão
lourenço (cesomar), 20 anos

“Não sou aluno do CDC, porém, esse Curso de Iniciação Política é de extrema importância. Este é o primeiro ano que vou votar. Acho importante saber quem eleger, conhecer quem vai representar você e ajudar a escrever o futuro.”

wagner souza teixeira, 17 anos