fortalecimento local

Fundação Tide Setubal apoia fortalecimento das escolas com multiplicação de metodologias

Atuar em parceria e disseminar metodologias são princípios de atuação da Fundação Tide Setubal desde sua chegada a São Miguel Paulista. É o trabalho conjunto, compartilhado e ressignificado que catalisa mudanças e transformações no território. Experiências que nascem no Galpão de Cultura e Cidadania e no CDC Tide Setubal ganham força no desafio de contribuir para a redução da vulnerabilidade de crianças, adolescentes e jovens, no encontro com as escolas. Com a proposta de apoiar o fortalecimento de sua atuação na direção da educação integral, os diferentes núcleos da Fundação buscam construir, com gestores, professores e alunos, um espaço vivo de aprendizado, olhando para o território, para a convivência, para as novas tecnologias e para a capacidade de cada um de ser autor e aprendiz.

Diferentes ações foram realizadas ao longo do ano nas EMEFs José Honório Rodrigues, Almirante Pedro de Frontin, Faveiro do Mato, Pedro Leite de Cordeiro, nas EEs Pedro Moreia Matos e Reverendo Urbano de Oliveira e no CEU Três Pontes, tendo como foco professores, alunos e famílias. A aproximação com as escolas une as metodologias desenvolvidas pela Fundação à escuta das demandas dos parceiros na elaboração de propostas adequadas a cada realidade.

CEU Três Pontes

Alimentação saudável foi o tema escolhido pelo CEU Três Pontes para o projeto pedagógico dos alunos de Ensino Fundamental I. A ideia é construir um processo que conquiste resultados em longo prazo para uma mudança de hábito na alimentação dos alunos. Esse processo, coordenado pelo Núcleo Qualidade de Vida, da Fundação, foi iniciado em 2013, com uma articulação com a Fundação Cargill e seu projeto De Grão em Grão, que planta hortas e oferece material pedagógico.

Alinhada ao plantio e à escolha da temática pela direção da escola, a Fundação criou uma série de encontros que, além do conteúdo teórico, proporcionou novas vivências com estímulos sensoriais para novos sabores na alimentação e no aprendizado. O trabalho com o tema foi impulsionado pelo Prêmio Educação Além do Prato, iniciativa da Secretaria Municipal de Educação para premiar as ações de mobilização que promovam a melhoria de hábitos alimentares dos alunos. A proposta era criar uma receita saudável com a participação dos alunos, do professor e das merendeiras da escola. A participação no prêmio foi uma estratégia para incrementar as ações dos professores; o projeto coletivo, construído nas Jornadas Especiais Integrais de Formação (JEIFs), também envolveu merendeiras, que passaram a ocupar o papel de educadoras na reflexão sobre alimentação saudável e sua relação com o processo educativo. O CEU Três Pontes foi um dos 13 finalistas na categoria Prato Quente.

Já entre os professores do Ensino Fundamental II, os encontros formativos, realizados nos horários da Jornada Especial Integral de Formação (JEIF), tinham como objetivo fortalecer s professores com o conhecimento sobre temas e dinâmicas dos adolescentes, com base na metodologia do Núcleo Mundo Jovem, para, assim, contribuir para a boa convivência e os novos vínculos. A proposta elaborada com a coordenação pedagógica destacou os temas identidade e diversidade (intolerâncias, preconceitos, violências) e gênero. Os diferentes conteúdos trouxeram novas referências e novas vivências para o trabalho com os jovens, em um percurso que incentiva uma reflexão sobre como o professor pode contribuir para o planejamento de projetos de vida de seus alunos.

Nesse percurso de reflexões conectadas à realidade escolar de muitos conflitos, surgiu a necessidade de uma ação específica sobre convivência. Foram elaboradas oficinas para a equipe pensar coletivamente nos desafios e nas melhorias no trabalho. Questões como poucos momentos coletivos, desintegração e dificuldade no acompanhamento do dia a dia pautaram os debates na abordagem mais institucional. Já em relação aos adolescentes, a indisciplina e a dificuldade de fazê-los aprender foram destaque. Apesar de ser uma atividade pontual, os professores a reconheceram como um momento importante de pausa nas demandas constantes da escola, em um espaço onde eles foram acolhidos, ouvidos e puderam pensar melhorias para a dinâmica do dia a dia.

A atuação da Fundação Tide Setubal com os alunos do Ensino Fundamental II aconteceu com a formação de um grupo do projeto Espaço Jovem, com 26 adolescentes de 12 a 17 anos. Identidade/diversidade, corpo/sexualidade, drogas e família foram temas abordados com o grupo com vivências para a construção de novas referências, pensamento crítico e fortalecimento. Um eixo transversal adotado foi a abordagem e o debate sobre o sentido da escola na vida dos adolescentes, propostas de melhorias e estímulo à participação. Professores do CEU Três Pontes destacaram que os participantes do Espaço Jovem melhoraram a participação em aula, expressando melhor suas opiniões e colaborando com os conteúdos trabalhados.

Além do atendimento aos alunos, o Espaço Jovem tinha como estratégia de fortalecimento da escola o convite à participação dos professores em algumas oficinas com os jovens na perspectiva de fortalecer vínculos. Essa ação não aconteceu, pois os professores alegaram falta de tempo. Entretanto, a Semana da Juventude foi uma oportunidade de encontro entre esses dois grupos para novas vivências. As atividades elaboradas pelos professores com os temas território e sexualidade (gravidez na adolescência, métodos contraceptivos e DSTs) desencadearam um processo rico de trocas e articulação entre a equipe, fazendo com que a Semana da Juventude, que integra os alunos em novas experiências, impactasse também na convivência do corpo docente e contribuísse para a motivação de todos na realização da Semana, com ampla participação dos jovens.

EMEF Almirante Pedro de Frontin

Na escola vizinha ao Clube da Comunidade Tide Setubal, espaço com a gestão da Fundação Tide Setubal e integrante do projeto Território CEU São Miguel, duas ações com professores foram realizadas a partir da escuta das demandas da equipe. Uma delas foi a formação, em horário de JEIF, para professores do EJA e da sala de reforço, com a metodologia do Núcleo Mundo Jovem. Gênero e drogas foram os assuntos escolhidos para os encontros, que ampliaram referências com diferentes dinâmicas, gerando novos aprendizados. No final, o grupo montou pequenos planos de aula de forma coletiva para colocar em prática novas referências.

Alinhado ao tema escolhido pela escola, o Núcleo Qualidade de Vida realizou três encontros sobre água e alimentação saudável. O objetivo dos encontros foi proporcionar aos professores a ampliação das possibilidades de trabalho, bem como a articulação desses conhecimentos às suas práticas pedagógicas. Em uma experiência de cores e sabores, foi montada uma rua literária, durante o Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. As crianças puderam ouvir histórias e degustar diferentes frutas na rua entre o CDC Tide Setubal e a escola. Os alunos registraram suas frutas preferidas em murais coloridos.

EE Pedro Moreira Matos

Próxima ao Galpão de Cultura e Cidadania, a EE Pedro Moreira Matos é ator fundamental na construção conjunta de um território educador na região do Jardim Lapenna. A relação professor/ escola, professor/aluno e escola/aluno foi explorada nos espaços de ATPCs com 20 professores. Sete encontros trouxeram diferentes abordagens. A cooperação foi tema do encontro com o especialista Cambises Bistricy Alves, do projeto Cooperação. A visão da escola e de seu papel foi tema do café colaborativo realizado em parceria com o Projeto Azimute-OBB, já as regras e a elaboração de combinados foram discutidas após uma sessão de cinema com o filme Mudança de Hábito II.

As ações voltadas ao trabalho dos professores de Geografia e Ciências com alunos do 6º ano aconteceram com base em dois temas: meio ambiente e alimentação saudável. O Núcleo Qualidade de Vida apoiou o desenvolvimento das diferentes etapas de cada projeto. Nas aulas de Geografia, com o conceito de paisagem, os alunos praticaram exercícios de percepção, intervenção e transformação. Observações da sala de aula, da escola, até o reconhecimento e o cuidado com o que havia de árvores e verde pelo caminho em uma expedição ao Parque Linear. A criação de uma pequena horta na escola, em uma reflexão sobre a noção de cuidar, foi a proposta final do grupo.

A área de Ciências estudou os hábitos alimentares. Foi aplicado um questionário inicial para identificar hábitos alimentares entre os 90 alunos de três turmas do 6° ano. A partir do levantamento, os grupos participaram de oficinas de experimentação, degustação e reflexão sobre cheiros e sabores e a possibilidade de uma alimentação com mais frutas, verduras e legumes. A ludicidade da oficina somada à circulação pelo território, pois as oficinas foram realizadas na Oficina Escola de Culinária, no Galpão de Cultura e Cidadania, suscitou interesses e abriu um leque de experimentações.

As oficinas de alimentação saudável do Qualidade de Vida pretendem induzir o debate sobre cuidado consigo mesmo, por meio de estratégias de experimentação, estimulando outros sentidos e o campo do conhecimento. Um dos resultados mensuráveis partiu da análise da avaliação feita com os alunos, na qual 20% afirmaram ter modificado seus hábitos alimentares comendo mais frutas ou legumes ou experimentando novos alimentos.

Escolas em uma rede de comunicação

EMEF José Honório Rodrigues, EMEF Pedro Leite de Cordeiro, EMEF Faveira do Mato, EMEF Almirante Pedro de Frontin, EE Reverendo Urbano e Centro Social Marista compõem a Rede Jovem Comunica. Essas escolas e a organização estão conectadas pela educomunicação. A metodologia do Núcleo de Comunicação Comunitária, da Fundação Tide Setubal, une professores e alunos e usa a tecnologia e as diferentes formas de comunicação como meio para estudar e compreender o território e intervir nele, em uma proposta para além dos muros da escola.

O Plano de Metas da Cidade foi o fio condutor das atividades que passaram pela construção do mapa afetivo do bairro, expedição virtual (Google Earth) e presencial, entrevista com moradores, expedição fotográfica pelo entorno da escola, roda de conversa sobre a expedição e leitura de jornal do Plano de Metas, elaborado pelos jovens do Intermídia Cidadã (leia mais aqui). Debates sobre as metas da cidade e a realidade do bairro e levantamento e estudo sobre o que e como reivindicar, seguidos pela elaboração de produtos de comunicação com pontos positivos e negativos do bairro, deram sequência a esses estudos. O resultado foi apresentado para escolas participantes da rede, para escolas convidadas e para o subprefeito de São Miguel no Encontrão da Rede Jovem Comunica, que acontece há quatro anos no Galpão de Cultura e Cidadania.

O uso do facebook gerou uma discussão sobre memória, durante o segundo semestre. A análise colocou posts e fotos como momentos instantâneos, mas que se tornarão memória on-line. A reflexão sobre como resgatar o passado para entender o presente e prospectar o futuro, de que forma os jovens se mostravam para o mundo antes do facebook, como guardavam suas experiências na escola, no bairro, inspiraram diferentes pesquisas no território. Brincadeiras de Crianças foi o tema na EMEF Almirante Pedro de Frontin. A escolha surgiu pela percepção de que os encontros da rua passaram a acontecer na internet. A Escola Fora da Sala de Aula foi a escolha dos alunos da EMEF José Honório, porque a escola tem muitos projetos para alunos e pais. A História do Samba e do Rap direcionou as atividades na EE Reverendo Urbano, que, durante a expedição fotográfica no primeiro semestre, descobriu esses ritmos presentes na maioria dos espaços de lazer. O mesmo aconteceu com o Centro Social Marista, com a escolha A História do Funk e do Livro, temas alinhados com a presença dos “pancadões” e do ônibus-biblioteca.

As duas experiências temáticas do ano tinham como objetivo aproximar a escola do território, mostrar o potencial mobilizador e a transformação de uma ideia individual em uma ação coletiva e também estabelecer uma relação afetiva com o bairro, ressignificando potenciais e desafios do lugar onde se vive, em um processo contínuo de aprendizados e descobertas entre professores e alunos. Nessa relação, quando o aluno se vê como quem também produz saber e o que ele diz não é descartado pelo educador, ele se torna mais participativo e criativo. O professor estreita vínculos e atua na mediação de novas descobertas, mantendo vivo o ciclo da aprendizagem.