A melhoria da qualidade de vida das famílias em territórios vulneráveis, objetivo do Programa Ação Família, está intrinsecamente ligada à questão da habitabilidade. Melhorar a infraestrutura da moradia contribui para uma vida com saúde e segurança, para as relações intrafamiliares e até para o desempenho escolar de crianças e jovens. Ter uma casa melhor é também desejo dos integrantes do Programa. Em uma das reuniões socioeducativas, ao serem estimulados a pensar em seus sonhos, ter uma casa melhor, aumentar os cômodos da casa, conseguir a casa própria e tornar a casa mais aconchegante para a família estavam entre os desejos dos grupos. Lucenir da Silva participou de um desses grupos e foi direta em seu pedido à lâmpada mágica: “Eu queria ajuda para terminar de arrumar a minha casa”.
Atender a esses desejos de mudança, melhorando as condições de moradia, é a meta da parceria entre o Instituto Azzi, a Fundação Tide Setubal e a Universidade Cruzeiro do Sul, realizada pelo segundo ano consecutivo. As famílias se inscrevem no processo seletivo e, quando aprovadas, recebem do Instituto Azzi um valor de até R$ 3 mil. Após o término da obra, devolvem 20% do valor recebido para um fundo que prevê a construção de algo em benefício da comunidade.
Na seleção de 2014, foram recebidas 39 propostas de pequenas reformas e 31 delas foram selecionadas para receber o apoio, 15 casas do Jardim Lapenna e 16 casas da União de Vila Nova. A Universidade Cruzeiro do Sul elaborou os critérios técnicos para seleção, com prioridade para reformas em residências com crianças, que promovam melhoria na segurança, salubridade, ventilação e iluminação, casas fora de áreas de risco, ser participante ou ex-participante do Programa Ação Família, além da análise socioeconômica.
Após levantamento preliminar entre as selecionadas, foi verificado que pouco espaço interno e acabamento com revestimento cerâmico eram os principais problemas das casas. A questão do tamanho das casas versus o número de membros da família teve relevância nos projetos e mobilizou a instalação e concretagem de cinco lajes, como alternativa para ampliação e adequação do espaço. As mudanças permitiram, também, a fuga do aluguel e da especulação imobiliária, que afligem os moradores da localidade. As infiltrações de chuva também foram bastante recorrentes, afetando 40% das casas visitadas.
Cada residência exigiu a criação de um plano de ação com a descrição das atividades, o cronograma para realização e a planilha orçamentária com a quantidade de materiais, seus custos e o tipo de mão de obra a ser utilizado. As famílias selecionadas foram acompanhadas pela Universidade e pela Fundação e estiveram comprometidas com todas as etapas do projeto desde a contratação da mão de obra; e as reformas, em sua maioria, atenderam aos prazos estabelecidos. Foi interessante perceber que a reforma apoiada pelo Instituto Azzi desencadeou um processo de outras pequenas reformas necessárias nas casas.
Ah, lembra da Lucenir, que no exercício da lâmpada mágica da reunião socioeducativa falou que seu maior desejo era ajuda para reformar a casa? Ela foi selecionada, e o marido, mecânico profissional, negociou com o pedreiro contratado que, se o valor do trabalho fosse maior do que o recebido, ele pagaria consertando seu carro. Em dois meses, a casa estava pronta, atendendo às expectativas da Lucenir.
